A Joaquina sempre gostô muitcho de cunversá i agora, cô Neto moranu cá gente, ela tem quem azucriná caj ixtória dela. Ô já conheço todaj bem dereitinho, de tráj prá frente i no guento máj. Bom, onti nój tava sentado na frente di casa, depôj da janta, quanu o Neto se atraco-se a falá qui tava inxtudanu oj grande Pintori da Humanidade. Aquilo é otro qui parece qui tem cósca na língua, ôh! Ele disse qui percisava fazê um trabaio da inxcola, contanu arguma côsa deferente da vida dum delej. A Joaquina nô se aguento-se e tomô conta do assunto:
Joaquina: Neto, tu táj inxtudano oj grande Pintori, nô táj? Pelum acauso tu já ouvisse falá do Victor Meirelles, mô quiridu?
Neto: Bah, claro que sim, vó! Ele é um grande ícone.
Joaquina: Íncuni, táj tolo táj? Ele era um manézinho, isso é qui ele era, sô tanso! Na verdadi ele nasceu aqui, quanu Florianópoij inda si chamava Nossa Senhora do Desterro.
Neto: Vó, esta foi triboa. Eu quero dizer que o Victor Meirelles é um símbolo da arte de Florianópolis, do Brasil e do Mundo.
Joaquina: Agora intendi ! Entendesse?
Neto: E daí vó, tu conhece algum fato especial da vida dele? Tô triafim de saber. Conta aí, enquanto eu tomo este chima.
Joaquina: Então nô sei! Maj Ô vô ti contá, pra ti, otra hora. Agora tu váj sabê é da temporada qui o Matisse passô aqui in Florianópij.
Neto: Bah, tchê! Tu tá falando do Henri Matisse, o famosos pintor francês, vó?
Joaquina: É claro rapaj! Di quem havéra di sê?
Neto: E quando foi que o Matisse visitou Florianópolis?
Joaquina: Pôj então! Foi na épuca da segunda guerra mundiali.
Neto: Bah, vó tu não é fácil. Eu também li que o Matisse pensou em vir morar no Brasil, durante a guerra. Inclusive ele tava pronto para a viagem, já tinha até passaporte o carinha. Mãs, espera um pouco. Como tu sabe disto, andaste lendo a respeito?
Joaquina: Nô sêje abobado, rapaj! Foi a minha mãe qui me contô, pra mim, quando Ô ainda era rapariga piquena.
Neto: Este é do tempo do epa, vó! Mãs eu to pronto para ouvir o causo todo.
Joaquina: Tu ta mi danu linha, né oh! Bom, disse a mãe qui ele chegô por aqui muitcho intristecido i só ca roupa do corpo.
Neto: Mãs, onde ele ficou em Florianópolis?
Joaquina: Aquilo andô por aqui e por ali, máj si encantou-se com a luj do soli i da lua na nossa Lagoa da Conceição. Então, decidiu morar aqui na Barra da Lagoa por um tempo.
Neto: Conta mais vó, to tricurioso.
Joaquina: Ele nô era di muitcha falaçã, tinha um sotaqui meio inxtranhu i goxtava de saí pro mar côj pexcadô. Máj ninguém nô sabia nem o nomi do degranido. Todo mundo chamava ele di “O Francêj”.
Neto: E ele pintou muito, enquanto esteve aqui?
Joaquina: Vô ti dizê qui não. A mãe disse que só ficaru sabenu qui ele era artista na úrtma semana, poco antij dele vortá pra França.
Neto: Como assim?
Joaquina: Tava na épuca do folguedo de boi-de-mamão e o meu pai convidô o Francêj pra assisti a apresentaçã do grupe dele.
Neto: Bah, nada a vê vó! Matisse em festa de Boi-de-mamão?
Joaquina: Nô impomba, deixa Ô falá, rapaj ! O Francêj foi na fexta, goxtô daj música, daj cori i doj movimento. Si encanto-se i toda hora sortava um tali di “ Cefantastic”.
Neto: Vó, teu causo ta tribom, mãs eu ainda não consegui entender como descobriram que ele era o artista plástico Henri Matisse.
Joaquina: O cô sei é qui ele tava ali, todo atolexmado assistino o boi, sentado numa cadeira de paia. Bem do ladinho dele, tinha uma menininha brincanu cunj pedaço de papeli, uma tesourinha i unj vrido di tinta guache. Ele nô si aguanto-se i pegô unj papeli, pintô di guache e começô a corta i colá umaj figura.
Neto: Vai me dizer que ele criou alguma obra com recorte aqui em Floripa.
Joaquina: Uma obra, tu quéj dizê um quadro? Qui nada, rapaj! Ele fêj foi a séria “ boi-de-Matisse” todinha. I tem máj, deu aj obra tudo di presente pro pessoali qui organizô a fexta. Aqueles trêj quadro lá na sala são dele. Nô tem?
Neto: Valeu vó, meu trabalho vai ficá tri bagual! Vou até tirar umas fotos dos quadros.
Joaquina: Tu anotasse tudo o qui Ô falei, no bróco, nô anotasse?
Neto: Claro! Mãs me conta a verdade, a criancinha brincando com a tinta, a tesourinha e os papéis era tu, não era vó?
Joaquina: Sêje bobo rapaj, Ô nô vô dizê pra ti. Tu querej é sabê a minha idade,né sô confiado?
Traduzindo.....
A Joaquina sempre gostou muito de conversar e agora, com o Neto morando com a gente, ela tem para quem cotar e recontar as velhas histórias, das quais, eu conheço a grande maioria. Ontem, nós estávamos sentados em frente a nossa casa, depois do jantar, quando o Neto resolveu falar que estava estudando os grandes pintores da humanidade. Aquele é outro que fala sem
parar. Disse, ainda, que precisava fazer um trabalho, para a escola, tratando de um fato inusitado na vida de um deles. Neste ponto, a Joaquina tomou as rédeas da conversa e começou a tagarelar:Joaquina: Neto, meu querido! Se tu estás estudando os grandes pintores, provavelmente já ouviste falar no Victor Meirelles.
Neto: Claro que sim, vó! Ele é um grandes ícone.
Joaquina: Que ícone, menino? Ele é um manézinho, isto sim. Na verdade nasceu aqui, quando Florianópolis ainda se chamava Nossa Senhora do Desterro.
Neto: Eu sei disto, vó. Eu quero dizer que ele simboliza a arte de Florianópolis, do Brasil e do Mundo.
Joaquina: Agora entendi!
Neto: E daí vó, tu sabes algum fato diferente sobre a vida dele. Conta ai, enquanto eu tomo este chimarrão.
Joaquina: Então não sei! Mas eu te conto outra hora. Hoje eu quero te falar sobre a estada do Matisse em florianópolis. Quer fato mais inusitado que este?
Neto: Vó, tu estas falando do Henri Matisse, o famosos pintor francês?
Joaquina: É claro que estou! Que outro seria?
Neto: E quando foi que o Matisse visitou Florianópolis?
Joaquina: Pois então! Foi na época da segunda guerra mundial.
Neto: Tu não és fácil, vó. Eu também li que o Matisse pensou em vir morar no Brasil, durante a guerra. Inclusive ele já tinha até passaporte pronto para a viagem. Mas, espera um pouco. Como tu sabes disto, andaste lendo a respeito?
Joaquina: Claro que não. Foi minha mãe quem me contou, tudinho, quando eu ainda era menina.
Neto: Mas agora és tu quem vai me contar esta história toda, vó.
Joaquina: Disse a mãe, que ele chegou por aqui muito entristecido só com a roupa do corpo.
Neto: E onde ele ficou em Florianópolis?
Joaquina: Ele andou por aqui e por ali, mas se encantou com a luz do sol e da lua, relfetidas em nossa Lagoa da Conceição.
Então, decidiu morar aqui na Barra da Lagoa, por um tempo.
Neto: Conta mais vó.
Joaquina: Ele falava pouco, com um sotaque meio estranho e gostava de sair para o mar com os pescadores. Mas nem o nome dele as pessoas sabiam, todos o tratavam como “ O Francês”.
Neto: E ele pindou muito, enquanto esteve aqui?
Joaquina: Pois tu sabes que não. A mãe disse que só ficou sabendo que ele era artista na última semana, ates dele partir.
Neto: Como assim?
Joaquina: Era época de folguedo de boi-de-mamão e o meu pai convidou o Francês para assistir a apresentação de seu grupo. Neto: Nada a ver vó. Matisse em festa de Boi-de-mamão?
Joaquina: Calma menino, deixa eu falar! O Francês foi à festa, gostou muito da música, das cores e do movimento. Ficou
maravilhado e a todo momento soltava um tal de “ C’est Fantastique”.
Neto: Vó, tá muito boa a sua história, mas ainda não consegui entender como descobriram que ele era o artista plástico Henri Matisse.
Joaquina: Dizem que ele estava ali maravilhado, assistindo o boi, sentado em uma cadeira de palha. Ao seu lado, uma menininha brincava com pedaços de papel, uma tesourinha e alguns vidros com tinta guache. Certo momento ele pediu parte do papel, pintou com guache e começou a recortar e a colar figuras.
Neto: Vai me dizer que ele criou alguma obra aqui!
Joaquina: Que nada! Ele fez foi a série “ boi-de-Matisse” todinha e pesenteou os organizadores do folguedo. Aqueles três
quadros lá na sala são dele.
Neto: Valeu vó, o meu trabalho vai ficar muito bom! Vou até tirar umas fotos dos quadros.
Joaquina: Anotastes o que eu falei?
Neto: Claro. Mas me conta a verdade. A criancinha brincando com a tinta, a tesourinha e os papéis era tu, não era?
Joaquina: Não vou dizer. Tu queres é saber a minha idade,não é seu abusado?
Ô nô vô dizê pra ti oque passa na minha cachola!
ResponderExcluirTá bom esse blog!
Abraços do Luiz