Quanu Ô i a Joaquina casemu, nój era bem novinho i nô tinha um gato prá puxá pelu rabo. Cosa máj orrivi! A má mãe era virva i o mô pai já tinha batidu cá coçuleta. Intendesse? Ansim ela nôj convidô, oj dôj, prá morá numa casinha qui ficava noj fundu do terreno dela. Nô tem! A Joaquina nô quiria, di manera nenhuma, máj o di um jeito di convencê ela.
Ô nô perciso ti dizê, pra ti, qui a lua-di-méli foi pará nu inxpaço, rapaj. I nój passemu a noiti di núnpicia na casinha qui foi presenti da mãe. Di manhã bem cedinho, a Joaquina si levanto-si pra ariá oj denti i viu uma sombra numa daj janela. Ela arredô a coutina i viu dôj copu di suco, um cum gardanapi azuli, outro cum gardanapi cor-di-rosa.
Ela pegô oj dôj i levô prá genti bebê na cama i nój fiquemu muito facero cá atençã qui a mãe tinha noj dado. A Joaquina inda falô da sorti qui teve di arrumá uma sogra inguali essa i qui tava arrependida, di tê mi faladu qui perferia morá noj cafundó do judaj, do que no terreno da mãe.
Notro dia, lá pelaj sêj, a Joaquina si levanto-si cedo, dinovo, pegô o pinicu prá dispejá i encontrô oj copu di suco na janela outra vêj. Tomemu u suquinho na cama i drumimo máj um pocu. Nój tavu casadu há trêj dia i ainda nô tinha saído di casa, cá di quê a genti tavu muito acachapadu. Indendesse o quéj cô inxrpique?
Tu sabij co sô pexcadori i qui nunca nô tirei féraj. Ah, para ôhí! A premera semana di casadu é sagrada i parecia cá mãe nô intendia disso, rapaj. Ela bateu lá im casa, pra intregá o mardito do suco todoj dia, até nój vortá pro trabaio, uma semana depôj.
Ô saía bem cedinho prá pexcá i a Joaquina prá fazê renda, junto caj amiga. Lá pelaj dej, nój vortava i sempre incontrava oj dôj copo di suco côj guardanapi azuli i rosa, agora im cima da mesa.
Sabi cô goxtava daquilo. Nô dá di dizê qui a Joaquina goxtava tomem, oh! Na verdadi ela odiava, inda máj qui a mãe começô a arrumá a casa, quanu ia dexá o suco. Ô nem arreparava, máj a Joaquina dizia qui tava tudo mexidu. Cheguemo a dixcuti pur causa disso i ela disse cô era um mimadu, cheiu di barda.
Um dia a Joaquina nô foi trabaiá i fico inxcondida só inxperanu a mãe chegá. Premero ela armo o engodo i trocô tudo, o que a véia tinha arrumado, di lugari. No deu outra, a mãe chego, largô oj copu na mesa i barreu a sala da casinha. Nu qui ela foi arredá o sofá, a Joaquina apareceu i gritou:
Joaquina: QUE QUI A SENHORA TÁ FAZENU AQUI?
Sogra: Quéj mi matá di suxto sua degranida? Ô só vim aqui pra deixá o suquinho di vocêj.
Joaquina: Fique sabenu co nô quero máj essa porcaria di suquinho. Nô quero máj, intendesse?
Sogra: Intendi!
Quanu cheguemu im casa no otro dia, depôj do ocorrido, em cima da mesa só tinha um copu di suco i cum guardanapi azuli. A Joaquina viro aj coxta, saiu i alugô uma pecinha na casa duma visinha. Nój moremu lá por sêj mêj, máj até hoje a Joaquina nô podi nem vê suco no café da manhã.
Traduzindo.....
Meu Querido,
Quando eu e a Joaquina casamos, eramos bem novinhos e não tínhamos um gato para puxar pelo rabo. Coisa horrível! A minha mãe era viúva e meu pai já havia morrido. Entendeste? Assim, ela nos convidou, os dois, para morar numa casinha que ficava aos fundos do terreno dela. A Joaquina não queria, de forma alguma, mas dei um jeito de convencê-la.
Eu não preciso te dizer que nossa lua-de-mel foi para o espaço, rapaz. E nós passamos a noite de núpicias na casinha que foi presente da mãe. De manhã cedo, a Joaquina se levantou para escovar os dentes e viu uma sombra em uma das janelas. Então afastou a cortina e viu dois copos de suco, um com guardanapo azul, outro com guardanapo cor-de-rosa.
Ela pegou os dois copos e levou para bebermos na cama, nós ficamos muito felizes com a atenção prestada por minha mãe. A Joaquina ainda falou da sorte que teve em conseguir uma sogra como esta e que estava arrependida, por ter falado que preferia morar isolada, do que no terreno da minha mãe.
No outro dia, perto das seis horas, a Joaquina levantou-se cedo, novamente, pegou o penico para despejar e encontrou os copos de suco, na janela, outra vez. Tomamos o suco na cama e dormimos mais um pouco. Estávamos casados há três dias e ainda não tínhamos saído de casa, porque estávamos muito cansados. Entendeste ou queres que explique?
Casamos numa sexta-feira e já era segunda de madrugada. De repente, uma batida forte nas tábuas da parede, olhei o relógio e eram seis e meia. Deu para ver o vulto da mãe correndo e a sombra dos
copos, agora na janela do nosso quarto.Tu sabes que sou pescador e que nunca tirei férias. Mas espera ai! A primeira semana de casado é sagrada e parece que a mãe não entendia isto, rapaz. Ela bateu lá em casa para entregar o maldito do
suco todos os dias, até voltarmos para o trabalho, uma semana depois.Eu saía bem cedo para pescar e a Joaquina para fazer renda, junto com as amigas. Perto das dez, nós voltávamos e sempre encontrávamos os dois copos de suco o guardanapo azul e rosa, agora sobre a mesa.
Sabe que eu gostava daquilo. Não da para dizer que a Joaquina gostava também. Na verdade ela
odiava, ainda mais que a mãe começou a arrumar a casa, quando ia deixar o suco.Eu não reparava, mas a Joaquina dizia que tudo estava mexido. Chegamos a discutir por causa disto e ela disse que eu era mimado e cheio de vontades.
Um dia a Joaquina e não foi trabalhar e ficou escondida, esperando a mãe chegar. Primeiro
ela jogou a isca e trocou tudo, o que a velha havia arrumado, de lugar. Não deu outra, a mãe chegou, largou os copos sobre a mesa e varreu a sala da casinha. No que ela foi afastar o sofá, a Joaquina apareceu e gritou:Joaquina: O QUE A SENHORA ESTÁ FAZENDO AQUI?
Sogra: Queres me matar de susto sua desgraçada? Eu só vim aqui para deixar o suco de vocês.
Joaquina: Fique sabendo que eu não quero mais esta porcaria de suco. Não quero mais, entendeste?
Sogra: Entendi!Quando chegamos em casa no outro dia, depois do ocorrido, sobre a mesa havia só um copo de suco e com guardanapo azul. A Joaquina virou as costas, saiu e alugou uma pecinha na casa de uma vizinha. Moramos lá por seis meses, mas até hoje a Joaquina não pode ver qualquer tipo de suco no café da manhã.
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