quarta-feira, 10 de junho de 2009

3. O Jantar de Casamento

Ô e a Joaquina ia fazê quarenta e doj ano di casado, então Ô convidei ela pra janta fora. Entendesse?
Ela se aperfumô toda, boto o melhori vistidinho e lhá fomo noj, come o camarão na moranga do Rancho da Canoa , bem em cima do canali da Lagoa.
A noite tava desgranida de tão linda, uma baita duma luona qui inxpalhava uma luj prata no canali. Vô te dizê pra ti, ôh: Dava di vê aj tainhota sartano. Côsa linda, mô quiridu!
O restorant tava intupido di gente, maj o Fabriço areservô uma mesa inxpeciali pra noj. Tinha até vela. Ô fiquei cabrêro, maj a Joaquina fico toda tola. Quaje chorô.
Bom, noj sentemo. Do nosso lado tinha um casali di namoradinho, bem novinho oj doj.
A rapariga falava: - Ô ti amu.
O rapaji dizia: - Ô ti amu tamém, ôh!
A rapariga si adeclarava: - Ô ti amu maj!
O rapaji arretrucava: - A para oh! Ô é qui ti amu maj, ma quirida.
Ô já tava de saco cheio, quando a Joaquina se emporgo-se e largo um:
- Ixtepô tu só dissesse que me amava no nosso premero encontro, mô quiridu.
Ai Ô sortei um:
- Quéj quô te diga a verdade pra ti, ôh? Ô já te disse qui ti amu uma vej, si ô muda di idéia Ô te aviso, ma quirida.
Ela se alevanto-se, não deu um pio, pego a borsa e deito o cabelo.
Ô no intendi nada.
Bom, ô inxperei o camarão na moranga fica pronto, pedi prá inliá, fui pra casa e comi até dize qui chegue.
Aquele camarão dá um banho.Entendesse?


Traduzindo.....

Eu e a Joaquina íamos completar quarenta e dois anos de
casados e eu a convidei para jantarmos fora. Ela se perfumou toda, colocou o melhor vestido e lá fomos nós,
saborear o delicioso camarão da moranga no Rancho da Canoa, sobre o canal
da Lagoa da Conceição.
A noite estava linda e a lua clareava a Lagoa
com uma mancha prateada que entrava e se espalhava pelo canal. Podíamos assistir
pequenas tainhas a saltar, espetáculo extremamente belo.
O
restaurante estava lotado, mas o Fabrício havia reservado uma mesa especial para
nos dois. Uma maravilha à luz de velas, mas confesso que fiquei um tanto
desconfiado. A Joaquina emocionou-se com tudo aquilo e quase veio aos
prantos.
Bem, nós sentamos e logo ao nosso lado, observamos um casal
bem jovem em uma típica situação de início de namoro.
Ela olhava para ele e
falava: - Eu te amo!
Ele olhava para ela e declarava: - Eu também te
amo!
Ela, novamente, olhava para ele e dizia: - Eu te amo muito
mais!
Ele, mais um vez, olhava para ela e completava: - Eu é que te amo
muito mais!
Eu já não estava agüentando mais, quando a Joaquina
empolgou-se e largou um:
- Ixtepô, meu querido, você só me disse
que me amava em nosso primeiro encontro.
Me obriguei a responder:
Joaquina, minha querida, eu já disse que te amo uma vez. Se eu mudar de idéia eu
te aviso, entendestes?
Ela levantou, não falou nada, pegou a bolsa e
foi embora.
Eu, meio que sem entender, esperei meu camarão na
moranga ficar pronto, pedi para embrulhar e o levei para casa e comi
sozinho.
Afinal aquele camarão dá um banho

.

2 comentários:

  1. Tá lindo! Só faltou no cenário os siri flutuando a noite a espera de um peixinho que dê bobeira! Uhu! Dá-lhe Ixtepô! : )

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  2. Ô ISXTEPÔ, CONTINUE COM EXTE "BROG" I VAMU AMOXTRA PRÁ EXTÍ POVINHO QUE VEM "DÍ LÁ", DO SULI QUÍ NÓJ TÊMOJ CURTURA. NÃO É SÓ DANÇANU INCIMA DÍ VARA E OLHANDÚ AJ PRENDA SÍ SARACOTIANU.

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