quinta-feira, 17 de junho de 2010

40. O Náufrago da Copa


Mô Quiridu,

Ô andu meio atentado quéça tali di Copa Du Mundo, nô tem!
Cuanu Ô vórto do mari lá pelumaj oito da manhã já tem jogo na televisã. Contando caj repetiçã, tem umaj sêj partida por dia. Ô vejo tudo rapaj i acho que é issu qui tá mi dexanu meio atolexmado daj idéia.
Vô ti dizê pra ti, mô quiridu: Essa noite, Ô sonhei qui tinha saído pra matá unj pexinho i a minha baleeira si naufragossi toda i Ô fui pará numa ilha lhá naj coxta da Àfrica.
Nu mô sonhu, o tempo foi si passanu i Ô fui ficanu ali peudido i sozinhu. Nô tem?
Nu cumeço Ô goxtei, maj adepôj até aj incheção di sacu da Joaquina tavu fazenu farta.
Pra não mi alopra inda máj aresorví matá um pexinho i cume. Foi bota o anzóli nágua e fixgá uma cozinha, quiridu.
Ô si abobei todo quanu vi aquilu sainu dágua. Credo, era uma bola!
Nu qui Ô fui tirá u anzóli da redonda, Ô si ixpetei-me i oj dedu cumeçaru a sangrá. Nô dá di acreditá máj o sangui fêj umaj marca na bola. Dôj zóinho i uma boquinha. A degranida fico a cara do Wirsu um pexcadô amigo mô.
Ô tavo até pensanu in chamá a bola di Wirsu, quanu arreparei qui ela já tinha um nomi inxcrevido nela. Nô tem?
A naba si chamava-si JABULANA.
Passei o dia todinho cuversanu cá Jabulana, inté vimo o pôr du sóli juntinhu.
Ve só! Anoiteceu i Ô levei a bola prá caverna na ondi Ô tava druminu.
Ô si deitei botei a Jabulana, ali, bem péutinho.
Máj pensaj qui Ô consigui drumi? Só pro tôj córno, qui ô drumi!
A degranida da Jabulana tocô vuvuzela a noite todinha, rapaj.

Traduzindo.....


Meu Querido,

Tenho estado um pouco nervoso com a Copa do Mundo.
Quando volto do mar, lá por umas oito horas da manhã, já tem jogo na TV. Contando com as reprises são mais de seis partidas por dia. Eu assisto todas e acredito que é isto que está me deixando meio bobo.
Vou te contar uma coisa, querido: Esta noite sonhei que havia saído para pescar, o meu barco naufragou e eu fui parar na costa da África.
No sonho, o tempo foi passando e eu acabei perdido e sozinho.
No início até gostei, mas depois até as incomodações da Joaquina faziam falta.
Para não piorar ainda mais, decidi pescar uns peixinhos para comer. Foi colocar o anzol na água e
fisgar uma coisinha.
Fiquei bobo quando vi aquilo saindo da água. Era uma bola de futebol.
No que fui tirar o anzol da redonda, furei-me e os dedos começaram a sangrar. Não dá para acreditar, mas o sangue fez uma marca na bola.
Dois olhos e uma boca. A bola ficou a cara do Wilson um pescador amigo meu.
Estava pensando em chamar a bola de Wilson, quando percebi que ela já tinha nome escrito.
A bola chamava-se Jabulani.
Fiquei o dia inteiro conversando com a Jabulani e vimos o entardecer juntinhos.
Anoiteceu e eu levei a bola para a caverna onde estava dormindo.
Me deitei e coloquei a Jabulani bem pertinho.
Mas pensas que eu dormi? Só tu pensa que eu dormi.
A infeliz da Jabulani tocou Vuvuzela a noite toda.

2 comentários:

  1. Qero te aparabenizar pelo teu brog.
    Vo vortar otras ves praca.
    Asujiro uma produssão di materia da boa cum cosas da ilha e çua genti.
    Abrassos mir,
    Landinho Machado

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  2. Landinho, MÔ Quiridu.
    Obrigadu pela visita.
    Temu ti inxperadu, quandu qizerej vortá.
    Abraço do Ixtepô!

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