terça-feira, 20 de julho de 2010

46. Cachorro de Troia

Mô Quiridu,

Onti a Joaquina tava de neversário. A idade dela Ô nô posso dizê, sinão ela mi suicida, rapaj. O qui interessa, nissu tudu, é qui nój fizemu uma baita duma fextança, pra ela. Côsa linda,oh!
Tinha deversoj prato típicu, nô farto pexe frito, pirão di nailo, tainha no fejão, carderada e bolinho de siri, quiridu. Cumemo a migueli i deu di todu mundo si impanziná.

Máj vô ti dizê uma côsa para ti. Pra Joaquina, o qui interessa mesu é aj pessoa qui foro, lá im casa, dá um abraçu nela. Tinha gente a reveria. É claro, a Clokirida apareceu pur lá, afinali elaj são unha i carni. Deu trêj minute i aj duaj começaru a matracá.

Ô nô sô di inxcuta cunvéussa duj otrô, máj fiquei ali, dixfaussanu i di bituca nu qui elaj falava:

Clokirida: Nega, tu táj cada vêj máj nova, tua pele parece um pêxco. Mi conta o segredo, pra mim, sua degranida!
Joaquina: Dicerto é o Ixtepô, ele nô mi dá sussegu aquele atentado. Só podi di sê aj cumida afrodizia cô faço pra ele, Nega.

Aj duaj si riru toda i entraru nunj delati co nô vô nem ti falá. Inda máj cô nô goxto di contá vantagi , rapaj. Tem outra, a cunveuça delaj tomo rumo deferente bem rapidinho.

Clokirida: Joaquina, tu sabej como ô ti quero bem i qui te apreceio muito, né Nega?
Joaquina: Até parece qui tu nô mi cunhece. Claro qui o sei, sua tola!
Clokirida: Intão! Prá prová o quanto goxto de ti, Ô queria ti dá di presenti o cô tenho di maj precioso nessa minha vida.
Joaquina: Nô vai mi dizê, pra mim, qui tu vaj me dá o........
Clokirida: É issu mesu! Ô tô aqui pra ti dá di presente, pra ti, o meu cachorrinho Mandrião.
Joaquina: Ô nunca nô imaginei qui argúem, além do Ixtepô, mi amava tanto assim, ma quirida.

Vê só! A Clokirida até podi amá a Joaquina, máj deve di mi odia, a malina. Afinali, o guapeca que ela tava danu di presenti é um imprestavi, papa-ovo, um baita dum ordináriu, pamonha i pançudo. O preguiçoso foi criado com jacuba, só comi i dormi o dia inteiro aquele desinfelix. Acho qui nem lati, o poia sabe.

Na minha cabeça, Ô carculei qui a ela só tava fazenu aquilu pra mi atentá, a degranida. Ô si sigurei, maj nô deu di ficá sem sortá o cô tavu pensanu:

Ixtepô: Ói-ói-ó! Clokirida, tá na hora di nój começá a quebra oj pratu da Joaquina, tudo. Nô tem?
Clokirida: Ô nô intendi! Intendesse?
Ixtepô: É qui si o presenti é di grego, a fexta também tem qui sê. Né oh!

Traduzindo.....

Meu Querido,

Ontem, a Joaquina estava de aniversário. A idade dela eu não posso falar, senão ela me mata, rapaz. O que interessa, nisto tudo, é que nós fizemos uma grande festa para ela. Coisa linda!
Havia diversos pratos típicos, não faltou peixe frito, pirão de náilon, tainha no feijão, caldeirada e bolinho de siri, querido. Comemos de mais e todos se fartaram.

Mas vou te dizer uma coisa. Para a Joaquina, o que importa mesmo são as pessoas que foram lá em casa abraçá-la. É Claro que a Clokirida esteve lá, afinal elas são a unha e a carne. Em poucos minutos as duas começaram a conversar. Eu nunca fui de escutar conversa alheia, mas fiquei ali, disfarçando e na espreita para ver o que elas falavam:

Clokirida: Tu estás cada vez mais jovem, tua pele parece um pêssego. Me conta o qual é segredo, desgraçada!
Joaquina: Deve ser o Ixtepô, ele não me dá sossego. Isso só pode ser por conta da comida afrodisíaca que eu faço para ele.

As duas riram e entraram em detalhes que não quero falar. Ainda mais que não sou de contar vantagens, rapaz. E tem outra, a conversa delas tomou um rumo diferente bem rápido.

Clokirida: Joaquina, tu sabes o que te quero bem e que te aprecio muito, não é?
Joaquina: Parece que tu não me conheces. Claro que eu sei, sua boba!
Clokirida: Então! Para provar o quanto eu gosto de ti, eu gostaria de te presentear com o que tenho de mais precioso
Joaquina: Não diga que vais me dar o .......
Clokirida: É isto mesmo! Vou de dar de presente, o meu cachorrinho Mandrião.
Joaquina: Eu nunca imaginei que alguém, além do Ixtepô, me amasse tanto assim, querida.

Veja só! A Clokirida pode até amar a Joaquina, mas deve me odiar a malvada. Afinal, o vira-latas, que ela estava dando de presente, é um impretável, sem pedigree, um grande ordinário, bobalhão e barrigudo. O preguiçoso foi criado com pirão de água fria, come e dorme o dia todo o infeliz. Acho que nem latir o tonto sabe.

Calculei que ela estava fazendo aquilo para me agredir. Me segurei , mas não pude evitar e soltei o que estava pensando:

Ixtepô: Olha só! Clokirida, já esta na hora de começarmos a quebrar os pratos da Joaquina. Não está?
Clokirida: Não entendi! Entendestes?
Ixtepô: É que se o presente é de grego, a festa também tem de ser!

2 comentários:

  1. affff Maria, ô tive coraji de te dá ti pra Joaquina meu mandriãozinho gaipeca papa-pirão, jacuba e tainha??? Num acreditooo... ô ixtepô, mas se é presenti é de bom grado!
    A-DO-RE-I! Ai q amorrrrrrrr...

    ResponderExcluir

Diga mô quiridu!