quinta-feira, 5 de agosto de 2010

49. O Cachorro do Crébe - Parte I


Mô Quiridu,

Foi a Joaquina ganhá o tal do Mandrião, qui o Crébe saiu a pecurá um cachorrinho pra ele tamém,ôh! No qui ele botô oj zóio no nosso bicho, ficô num baita invejume, o godera. Ele nem nunca goxtô muito de cachorro, máj não sussegô o facho inquantu nô arranjo um . Que qué isso né, ôh!

Onti ele teve aqui in casa i contô vantagi a noiti intera:

Crébe: Ixtepô, quero ti amoxtrá o mô cachorrinho pra ti.
Ixtepô: Tu deixasse o bichinho lá fora, cum frio desse, rapaj?
Crébe: Claro qui nô dexei. Ele tá aqui no mô borso.
Ixtepô: Tu éj um malino heim,ôh! Andaj pela ai com um filhotinho a tira colo, sô tanso.
Crébe: Ãh-ãh-ãh! Dexa di sê abobado, Ô comprei um cachorro da raça Xi-au-aua e já tá adurto.
Ixtepô: Xi o que?
Crébe: Xi-auuuuu-auaaaaaaaaa! Váj dizê qui nunca ovisse falá? Cachorro tamém é curtura, quirido i tem máj, é a úrtma moda im bicho di inxtimaçâ.
Ixtepô: Pára co aratório i amoxtra logo o bicho, sô abobado!

O Crébe infiô a mão no borso, do casaco, i tirô uma caxa di fróxfi lá di drentu. Quanu o degranido abriu , apareceu um cachorrinho cabano, virado im zóio. Era tão, tão piquininho qui ficava arodianu na parma da mão do malino. Ele aproveitô a situaçã i si insibiu-se um poquinho dinovo:

Crébe: Ixtepô, me dij pra mim si argum dia tu já visse um cachorrinho máj lindo qui esse, rapaj.
Ixtepô: Nem máj lindo, nem máj feio, muito pelo contráriu.
Crébe: Tá si mordenu pruquê o Mandrião nem si compara-se a ele.
Ixtepô: Ele, qui ele? Me dij pra mim, cumé qui é o nomi do mini papa-ovo.
Crébe: Ônodi!
Ixtepô: Cumé?
Crébe: Ônodi!
Ixtepô: Ônodi? Qui nome máj orrivi tu desse pro coiso, heim ôh!
Crébe: Quridu, o nome dele nô é Ônodi. Aconteci qui Ô nô di nome, pro cachorro, ainda. Intendesse agora?

Traduzindo......

Meu Querido,

Foi a Joaquina ganhar o tal do Mandrião, que o Crébe saiu a procurar um cachorrinho para ele também! Assim que ele viu nosso bicho, ficou louco de ciúme, o invejoso. Ele nunca gostou muito de cachorros, mas não sossegou enquanto não arrumou um. Que é isto!

Ontem ele esteve lá em casa e contou vantagens a noite toda:
Crébe: Ixtepo, quero te mostrar meu cachorrinho.
Ixtepô: Tu deixaste o bichinho lá fora, com este frio, rapaz?
Crébe: Claro que não deixei. Ele está aqui no meu bolso.
Ixtepô: Tu és um malvado heim! Andas por aí com um filhotinho a tira colo.
Crébe: deixa de ser bobo, eu comprei um cachorro da raça Chiuaua e já está adulto.
Ixtepô: Chi o que?
Crébe: Chiiiiiiiiiiii uuuuuuuuuuuu auaaaaaaaaaaa! Vais deizer que nunca ouviste falar!
Cachorro também é cultura, querido e tem mais, é a última moda em bicho de estimação.
Ixtepô: Pára com a falação e mostra o logo o bicho, seu abobado.

O Crébe enfiou a mão no bolso do casado e tirou uma caixa de fósforos lá de dentro. Quando o degranido abriu, apareceu um cachorrinho orelhudo, virado em olhos. Era tão pequenino que ficava rodando na palma da mão do malvado. Ele aproveitou a situação e se exibiu mais um pouco, novamente:

Crébe:Ixtepô, me diga se algum dia tu já viste um cachorrinho mais lindo que este, rapaz.
Ixtepô: Nem mais lindo, nem mais feio, muito pelo contrário.
Crébe: Tu estás te mordendo porque o Mandrião nem se compara a ele.
Ixtepô: Ele, que ele? Me fla como é o nome deste mini vira-latas.
Crébe: Eunãodei!
Ixtepô: Como?
Crébe: Eunãodei!
Ixtepô: Eunãodei? Que nome horrível tu destes pro bichinho.

Crébe: Querido, o nome dele não é Eunãodei.
Acontece que Eu não dei nome, pro cachorro, ainda. Entendeste agora?

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