domingo, 1 de agosto de 2010

48. A Gaivota Malabarista


Mô Quiridu,

No finali di semana, a Joaquina foi viajá, numa inxcursã, junto com a Clokirida. Ô i u Netu fiquemu in casa sozinho, nô tem. Prum lado até qui foi bom, já que Ô tava percisanu tê unj momento só co rapaj. Côsa di avô i neto, intendesse?

No sábado, convidei o nabinha pra armoça num doj rextorante do canali da Lagoa. Aj onze i trinta nój já tava sendadinho num trapiche, côj cardapi na mão, oianu aquela água limpinha, sentinu o sóli i o ventu no roxto. Nô tem!

Como tu sabej, o Neto parô di cume carne i tinha virado vegetarianicu máj, ôj poço, fumo convencenu o rapaj a cume, o menuj, um pexinho. Ele ainda nô si incantosse,di todo ,cáj nossa inguaria máj, vorta i meia, o intojadinho come arguma cosinha do mar.

O gauchinho virava o cardapi daqui prali, dilá prá cá i nô inxcolia nada. Ficava cáquele jeitinho meio misurento i cheio di nojo. Então, tive qui mi intrometê e ralhá cô Neto:

Ixtepô: Desse jeito, mofas com a pomba na balaia, rapaj! Dexa qui o vô pedi o conduto i tu oj aperitivu, queridu.
Neto: Bah,carinha! Dá um tempo né vô, eu não estou com nenhuma pressa. Vamos curtir o visu, coroa.
Ixtepô: Ah! Para oh! Tu sabej cô goxto di armoçá meio dia in ponto. Tem máj, ô já tô varado da fomi.
Neto: Não extressa, vô! Eu vou pedir uns bolinho de siri, umas batata frita e uma salada mista.
Ixtepô: Tão tá então! Depôj pedimu uma tainha inxcalada com um pirãozinho e, prá bebê, laranjinha água da serra.
Neto: Tá tri!

Fizemu o pedidu i no qui o gauçom troxe oj pratu, uma nuvi di gaviota si arpoximo-se da nossa mesa. Nexta hora, o rextoranti já tava intupidu i uma missidade de guri piqueno pulava, gritava e curria no trapiche. Hoje em dia, o qui máj tem por aí é essaj criança sem limite.
No qui aj criançada viru aj gaviota, nô deu otra, correru no pratu doj paij, si agarraru naj batata frita i começaru a jogá tudo ná agua. Quantu máj batatinha caia no canali, máj gaviota aparecia.
O Neto si impressiono-se e inxclamo:

Neto: Bah! Tri massa vô, as gaivotas são vegetariana.
Ixtepô: Vegetarianica i gorda, tamém, oh! Tu achaj qui issu tá correto?
Neto: Hum!
Ixtepô: Credo, que, qué issu, né oh! Gaviota tem é qui si alimentar-se de pexe.
Neto: Pior é que, tipo assim, tu tá tri certo né carinha.
Ixtepô: Si tu observá bem dereitinho, dessaj gaviota tudo, só a qui nô tá cumenu batatinha é essa gordinha qui aposô na ponta da nossa mesa.
Neto: Assim, oh! Parece que a gaivota tá querendo alguma coisa vô. Na verdade ela tá de olho nestes tomatinho.
Ixtepô: Então, então. Oj tomate acho qui dá di jogá prá ela.

O Neto jogô trêj tomatinho cereja, prá gaviota, um atráj du otro. Invéj da bicha comê aj frutinha, ela começô a fazê labarismu. Vô ti dizê pra ti , a gaviota dava um banho, parecia até essej pessoal qui fica enchenu o saco naj sinalera, aqui im Florianópij.

Percisava di vê o show que a bichinha apresentô. Depôj di acaba a apresentaçã , ela devorveu oj tomate, abaixou a cabecinha, agradeceu i extendeu a asinha pro nosso lado. No dava di acreditá máj ela táva querenu recompensa pelo trabaio.

Contrariado, indiquei a batata frita, máj pru sorti ela fez sinali que não i apontou pra minha carteira, qui tava im cima da mesa. Pode sê qui tu nô acredite no qui o vô ti dizê, agora inquantu Ô nô dei dèj reau pra gaviota, ela nô avuô imbora.

Como o dia tava bunitu, nój fiquemo ali no canali até umaj trêj hora, cuversanu da vida, tomanu umaj laranjinha i aprecianu a paisagi.

Pedimu a conta i, antej de pagá, vi que sobre um pau, dentro do canali, extava a gaviota labarixta. Com uma asa a inxpertinha treinava oj truque doj tomatinho. Maj, adivinha o qui inzibida carregava ca outra?

Um pacote di batatinha do Maquidonis. Que qué isso, né oh!



Traduzindo......

Meu Querido,

No final de semana, a Joaquina foi viajar, em excursão, com a Clokirida. Eu e o Neto ficamos em casa sozinhos. Por um lado até que foi bom, já que eu estava precisando ter alguns momentos a sós com o rapaz. Coisa de avô e neto, entendeste?
No sábado, convidei o porcaria para almoçar em um dos restaurantes do canal da Lagoa. As onze e meia, nós estávamos sentados no trapiche, com os cardápios em mãos, olhando aquela água límpida, sentindo o sol e o vento no rosto.
Como tu sabes, o Neto parou de comer carne e tornou-se vegetariano mas, aos poucos, fomos convencendo o rapaz a comer, ao menos, um peixinho. Ele ainda não se encantou, de todo, com nossas iguarias mas, volta e meia, come algum fruto do mar.

O gauchinho virava o cardápio para cá e para lá e não escolhia nada. Estava com aquele jeito, fazendo careta e cheio de nojo. Então tive de intervir e advertir o Neto:

Ixtepô: Desse jeito não vai dar em nada, rapaz! Deixa que escolho o prato principal e tu o aperetivo, querido.
Neto: Bah! Dá um tempo né vô, eu não estou com nenhuma pressa. Vamos curtir o visual, coroa.
Ixtepô: Para aí! Tu sabes que gosto de almoçar ao meio-dia em ponto. Tem mais, estou com muita fome.
Neto: Não extressa, vô! Eu vou pedir uns bolinhos de siri, umas batatas fritas e uma salada mista.
Ixtepô: Tá bom! Depois pedimos uma tainha escalada com pirão e, para beber, laranjinha água da serra.
Neto: Tá tri!

Fizemos o pedido e, no que o garçom trouxe o prato, uma núvem de gaivotas aproximou-se da nossa mesa. Nesta hora, o restaurante já estava lotado e uma criançada pulava, gritava e corria no trapiche. Hoje em dia, o que mais existe por ai é criança sem limites.
No que os meninos viram as gaivotas, não deu outra, correram para o prato dos pais, agarraram as batatas fritas e começaram a jogar tudo na água. Quanto mais as batatinhas caiam no canal, mais gaivotas apareciam.
O Neto impressionou-se e exclamou:

Neto: Bah! Tri massa vô, as gaviotas são vegetarianas.
Ixtepô: Vegetarianas e gordas também! Tu achas que isto está certo?
Neto: Hum!
Ixtepô: O que é isto! Gaivota tem é que se alimentar de peixe.
Neto: Pior é que tu está tri certo.
Ixtepô: Se tu observares direitinho, de todas estas gaivotas, a única que não come batatinha é esta gordinha que pousou no canto de nossa mesa.
Neto: Olha só! Parece que a a gaivota está querendo alguma coisa vô. Na verdade ela está de olho nestes tomatinhos.
Ixtepô: Então, tomates acho que podes dar a ela.

O Neto jogou três tomatinhos cereja, para a gaivota, um atrás do outro. Ao invés de comer as frutinhas, ela começou a fazer malabarismo. Vou te dizer, a gaivota arrasou, parecia até aquelas pessoas que
ficam incomodando nos semáforos de Florianópolis.

Precisava ver o show que ela apresentou. Depois de acabar a apresentação, a gaivota devolveu os tomates, baixou a cabecinha, agradeceu e estendeu a asinha para nosso lado. Não dava para acreditar mas ela estava querendo recompensa pelo trabalho.

Contrariado, indiquei a batata frita, por sorte ela fez sinal que não e apontou para minha carteira, que estava sobre a mesa. Pode ser que tu não acredites no que vou dizer, porém enquanto não dei dez reais a ela, a gaivota não voou embora.

Como o dia estava bonito, ficamos ali no canal por umas três horas, conversando, bebendo laranjinhas e apreciando a paisagem.

Antes de pagar, observei sobre um pau, dentro do canal, a gaivota malabarista. Com uma asa a espertinha treinava os truques com dois tomatinhos. Mas adivinha o que a exibida carregava na outra?

Um pacote de batatinhas do Mac Donalds. Que é isto!

2 comentários:

  1. AEuAHEUAeahEHaeuha! Que qué isso, a nojenta da gaviota só come maquidonis?
    Onodo! Si me pedi, ônodo como ônodi.
    ; )
    Ixtepô, tu éj demaj.

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  2. Que qué issu, né ôh!
    Beju do Ixtepô.

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