sexta-feira, 26 de junho de 2009

13. Deu tainha na Lagoa

Grande abraço Crébe, mô quiridu i inxpiradô amigo. Exta é tua entendesse!

Qui nem acontece quaje todo oj dia, o Crébe apareçô la em casa, morto da fome, pra tomá o café da manhã. Aquilo é um arado pra cume, tenj qui vê. Máj ô arreparei qui ele tava meio nervoso, daí preguntei:

Ixtepô: Qué qui tu tenj sô tanso? Tudo issu é fome rapaj?
Crébe: Não ixtepô, mô quiridu! O pobrema é cô fij uma baita duma bobage.
Ixtepô: Disinbucha Crébe, nój semo quaje ermão, não tem!
Crébe: Ô vim aqui pra ti amoxtrá uma tarrafa qui Ô fij. Daí Ô tavo alí no puxado onde tu deixaj a Kombi, treinando cá tarrafa pra si insibí pra ti. Entendesse? Ô fui querê inventá moda e dei cáj chumbada da tarrafa noj vidru laterali da kombi. Arrombei tua Kombi todinha, ôh!
Ixtepô: É capaj meso qui tu fizésse issu!
Crébe. Vai lhá e vêge côj teuj óio, o cô fij. Tu nô merecej um amigo qui nem Ô!
Ixtepô: Carma rapaj! Nô dij bobage.
Crébe. Vamo fazê ansim: Nój levemo a Kombi prá consertá oj vidru i Ô dô um jeito de pagá.
Ixtepô: Então, então! Vamo descê pro centro e pau noj córno.

Lhá si fomo nój dôj trocá oj vidru da kombi no centro de Florianópij. Quando nój tava passanu no poxto da poliça, ali na Avenida daj Rendera, um omi da poliça noj atacô, pra vê o qué qui tinha acontecido cá Kombi. O Crébe, ali no banco do carona, só mi acutucava sem pará. Ô nô si aguentei e falei:

Ixtepô. Nô ixtórva, rapaj! Nô seje chato, sô tanso.
Crébe: Oia pra lagoa Ixtepô e vê só o qui Ô to venu.

Nô dava di acreditá, um cardumo gigante de tainha tinha invadido a Lagoa da Conceição. Aquilo era força di pêxe sartanu i si insibinu ali na berinha dá água. Vô te dizê pra ti qui dava di conta aj ixcama dos bicho, di tão pertinho que eles tava, mô quiridu. Nój fiquemo abobado vendo aj tainha. Até o poliça si distraiu-se, nôj sortô, i nój fomo pro centro. Na decida do morro, ali perto da FIÉXC, nój ixcutemo um baita baruio nôj banco te tráj. O Crébe dô uma oiadinha, si ixpantô-se e falô:

Crébe: Ô vô ti dizê uma côsa pra ti máj tu nô váj acreditá, Ixtepô!
Ixtepô: Nô vájs me dizê pra mim que tem máj vidru quebrado.
Crébe: Nô sêje tanso! Tem é umaj déj tainha pulanu ai atráj. Vai vê qui elaj entraro peloj vidru, enquanto nój paremo no poxto policiali.
Ixtepô. Ô tenho vixto côsa, ôh! Máj vô ti jurá di pé junto pra ti. Aj tainha tavo tudo ali, pulanu noj banco de tráj. Lhá na oficina, o Crébe contô tudo pro mecânico ele si riu-se todo, máj nô acredito. O qui valeu foi côs dôj ficaro amigo e o Crébe trocô o arrumação doj vidro pela tarrafa.


Traduzindo.....

Como acontece quase todos os dias, o Kléber apareceu lá em casa, faminto, para tomar o café da manhã. Ele gosta de se alimentar bem. Mas eu reparei que ele estava um tanto irrequieto, diferente do normal, então perguntei:

Ixtepô: O que está acontecendo KLéber? Tudo isto é fome rapaz?
Kléber: Não Ixtepô! O problema é que eu fiz uma grande porcaria.
Ixtepô: Me conta. O que houve!
Kléber. Eu vim aqui pra te mostra uma
tarrafa que eu acabei de fazer. Bom eu estava ali, na garagem onde tu deixas a Kombi, testando a trarrafa, só para ver como eu iria me exibir para ti. Eu fui brincar um pouco e dei com as chumbadas da tarrafa nos vidros lateriais da Kombi e quebrei tudo.
Ixtepô: Até parece, que você fez isto!
Kléber. Vá lá e veja com seus olhos o que eu fiz. Tu não mereces um amigo como eu.
Ixtepô: Fica calmo. Nós damos um jeito.
Kléber. Vamos fazer assim: Nós levamos a
Kombi para colocar vidros novos e eu vejo como dá para negociar o pagamento.
Ixtepô: Tá bom! Vamos para o centro agora.

Lá fomos nós dois trocar os vidros da Kombi, no centro de Florianópolis. Quando estávamos passando no posto policial da avenida das rendeiras, um Policial nos barrou, para verificar o que tinha acontecido com a lateral do carro. Enquanto ele falava comigo, o Kléber no banco de carona me cutucava sem parar. Eu não agüentei e disse.

Ixtepô: Não incomoda! Não seja chato.
Kléber: Ixtepô, olha para a lagoa e veja o que eu estou vendo.

Não dava para acreditar, um cardume gigantesco de tainhas havia invadido a Lagoa da Conceição. Era uma quantidade enormo de peixes que saltavam e se exibiam chegando bem próximo a margem. Dava até para contar as suas escamas de tão perto que eles pulavam. Ficamos maravilhados, assim como o policial que se distraiu, nos liberou e lá seguimos nós para o centro. Na descida do morro, ali perto da Fiesc, ouvimos uma baita barulheira no banco traseiro. O Kléber olhou para trás e falou:

Kléber: Tu não vais acreditar o que aconteceu.
Ixtepô: Não vai dizer que tem mais vidros quebrados.
Kléber: Que nada! Tem umas dez tainhas pulando ai atrás. Eu acho que elas entraram pelos vidros enquanto nós paramos no posto policial.

Eu olhei e posso te jurar que elas estavam ali mesmo, pulando nos bancos traseiros. Quando chegamos na oficina o Kleber contou toda a história para o mecânico, que riu mas não acreditou. O que valeu a pena foi que eles fizeram amizade e o Kleber pagou o conserto do carro com a tarrafa.

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