quinta-feira, 9 de julho de 2009

18. A chegada na lua

Mô quiridu.

Ô inxpiei pela janela i vi o Neto arriado na areia da praia oiando pro céu. Aquela image mi fej alembrá di quanu Ô era raraj piqueno i mi assentava ali co mô pai. Ele me insinava, pra mim, tudo que sabia do mar, do vento, do céu, da lua i da vida. Ô me mocionei-me todo i fui lhá, na berinha d’água, falá co ele.
Ixtepô: Ó, ió, ió! Que táj fazenu aqui, mô quiridu?
Neto: Oi vô! Tô aqui observando este céu tri maravilhoso que Deus criou.
Ixtepô: Côsa linda mejmo né Neto?
Neto: Bah, carinha! É tri lindo.
Ixtepô: Então, então! Vêje esse ancho céu, o brio daj ixtrela, essa lua alumiando a noite, côsa máj linda.
Neto: Bah! E dizer que o homem já esteve lá, carinha.
Ixtepô: Lá naondi, quiridu?
Neto: Ora aonde, vô! Na lua.
Ixtepô: Nô sêje abobado, rapaj! O homem nunca teve na lua, isso é tudo uma baita duma balela.
Neto: Dá um tempo né vô! Todo mundo sabe que o homem chegou na lua dia 20 de julho de 1969. Inclusive, agora em 2009, estamos comemorando os 40 anos daquele “ grande passo para a humanidade”.
Ixtepô: Ô vô tê qui ti pedi descurpa pra ti, maj neste mejmo dia, Ô tô comemoranu 40 ano cô nô acredito nessa bobage.
Neto: Vô tu é tri radical, carinha! E se eu te disser que não acredito que tu és descendente dos primeiros açorianos a chegarem aqui na Ilha.
Ixtepô: Pópara ai rapaj, nô mixtura aj côsa! O avô do mô trisavô chegô aqui em 06 de Janeiro de 1748. Ele foi o premero açoriano a deixá oj péj marcado naj areia da Ilha de Santa Catariana. Então respeito, porque tu já éj a oitava geraçã açoriana aqui em Florianópij. Si bem qui nój temos qui adixcontá essa tua parte meia agauchada.
Neto: Na boa vô, eu tô brincando.Vamos voltá pro começo.
Ixtepô: Disimbucha, sô nabinha!
Neto: Carinha, tu aprendeu um monte com a vida, só de olho na natureza e nas pessoas. Mas não dá para negá o que a ciência e a tecnologia têm feito em nossa sociedade. Dá uma olhada no motor do teu barco, o remédio da tua pressão alta, o celular da vó, e aí vai.
Ixtepô: Nô mi alembra daquele celurari.
Neto: Vô, tu tem que te lembrá que, tipo assim, a mãe também é cientista, tche! Se formou na UFSC, tem Doutorado pela UCLA e Pós-Doc. pela URGS.
Ixtepô: Ô lembro i tenho um baita orguio daquela rapariga. Então vamo dizê qui tu tenj razão i o homi foi a lua di verdade.
Neto: Fala vô!
Ixtepô: Em qui fase da lua ele chegou lá?
Neto: Nada a vê, vô! O que isto importa?
Ixtepô: Ô vo te dizê uma côsa pra ti, si o homi chegô lá, só pode tê sido na lua cheia, rapaj.
Neto: Porque vô?
Ixtepô: A minguante é tão piquena qui nô ia dá nem di inxtacioná o fuguete!


Traduzindo.....

Eu olhei pela janela e vi o Neto sentado na areia da praia contemplando o céu. Aquela cena me fez voltar à infância, quando eu sentava ali mesmo com o meu pai e ele me ensinava o que sabia sobre o mar, o vento, o céu, a lua e a vida. Eu me emocionei e fui à beira do mar, falar com o menino.
Ixtepô: Oi ! Que tu estás fazendo aqui meu querido?
Neto: Oi vô! Eu estou aqui observando esta maravilha de céu que Deus criou.
Ixtepô: Que lindo não é Neto?
Neto: Bah, vô ! É super lindo.
Ixtepô: Pois é, veja a enormidade do céu, o brilho das estrelas a beleza da lua iluminando a noite!
Neto: Muito legal! E dizer que o homem já esteve lá.
Ixtepô: Lá aonde?
Neto: Ora aonde, vô! Na lua.
Ixtepô: Não sejas bobo, menino! O homem nunca chegou na lua, é tudo mentira.
Neto: Assim não dá né vô! Todo mundo sabe que o homem chegou na lua dia 20 de julho de 1969. Inclusive, agora em
2009, estamos comemorando os 40 anos daquele “ grande passo para a humanidade”.
Ixtepô: Desculpa Neto , mas neste mesmo dia estou comemorando os 40 anos que eu não acredito nisto.
Neto: Vô tu és muito radical! Eu se eu te disser que não acredito que tu és descendente dos primeiros açorianos a chegarem aqui na Ilha.
Ixtepô: Degavar ai rapaz, não mistura as coisas! O avô do meu trisavô chegou aqui em 06 de Janeiro de 1748. Ele foi o primeiro açoriano a deixar os pés marcados nas areias da Ilha de Santa Catariana. Então respeita isto menino, porque tu já és a oitava geração açoriana aqui em Florianópolis. Se bem que nós temos que considerar esta tua parte meio agauchada.
Neto: Tá certo vô, eu estou brincando. Mas vamos voltar à conversa inicial.
Ixtepô: Diga!
Neto: Vô, tu aprendestes muito com a vida, observando a natureza e as pessoas. Mas não dá para negar o que a ciência e a tecnologia têm feito em nossa sociedade. Veja o motor do teu barco, o remédio para tua pressão alta, o celular
da vó, e aí vai.
Ixtepô: Nem me fala daquele celurar!
Neto: Além de tudo, a mãe também é cientista, tche! Se formou na UFSC, tem Doutorado pela UCLA e Pós-Doc. pela URGS.
Ixtepô: Isso é verdade e eu tenho muito orgulho dela. Então vamos supor que tu tenhas razão e o homem, realmente, foi a lua.
Neto: Fala vô!
Ixtepô: Em que fase da lua tu achas que ele chegou lá?
Neto: O que isto importa, vô?
Ixtepô: Eu vou te dizer que se ele realmente chegaram lá, só pode ter sido em lua cheia.
Neto: Porque vô?
Ixtepô: Por que na minguante não daria nem para estacionar o foguete.

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