sexta-feira, 26 de junho de 2009

13. Deu tainha na Lagoa

Grande abraço Crébe, mô quiridu i inxpiradô amigo. Exta é tua entendesse!

Qui nem acontece quaje todo oj dia, o Crébe apareçô la em casa, morto da fome, pra tomá o café da manhã. Aquilo é um arado pra cume, tenj qui vê. Máj ô arreparei qui ele tava meio nervoso, daí preguntei:

Ixtepô: Qué qui tu tenj sô tanso? Tudo issu é fome rapaj?
Crébe: Não ixtepô, mô quiridu! O pobrema é cô fij uma baita duma bobage.
Ixtepô: Disinbucha Crébe, nój semo quaje ermão, não tem!
Crébe: Ô vim aqui pra ti amoxtrá uma tarrafa qui Ô fij. Daí Ô tavo alí no puxado onde tu deixaj a Kombi, treinando cá tarrafa pra si insibí pra ti. Entendesse? Ô fui querê inventá moda e dei cáj chumbada da tarrafa noj vidru laterali da kombi. Arrombei tua Kombi todinha, ôh!
Ixtepô: É capaj meso qui tu fizésse issu!
Crébe. Vai lhá e vêge côj teuj óio, o cô fij. Tu nô merecej um amigo qui nem Ô!
Ixtepô: Carma rapaj! Nô dij bobage.
Crébe. Vamo fazê ansim: Nój levemo a Kombi prá consertá oj vidru i Ô dô um jeito de pagá.
Ixtepô: Então, então! Vamo descê pro centro e pau noj córno.

Lhá si fomo nój dôj trocá oj vidru da kombi no centro de Florianópij. Quando nój tava passanu no poxto da poliça, ali na Avenida daj Rendera, um omi da poliça noj atacô, pra vê o qué qui tinha acontecido cá Kombi. O Crébe, ali no banco do carona, só mi acutucava sem pará. Ô nô si aguentei e falei:

Ixtepô. Nô ixtórva, rapaj! Nô seje chato, sô tanso.
Crébe: Oia pra lagoa Ixtepô e vê só o qui Ô to venu.

Nô dava di acreditá, um cardumo gigante de tainha tinha invadido a Lagoa da Conceição. Aquilo era força di pêxe sartanu i si insibinu ali na berinha dá água. Vô te dizê pra ti qui dava di conta aj ixcama dos bicho, di tão pertinho que eles tava, mô quiridu. Nój fiquemo abobado vendo aj tainha. Até o poliça si distraiu-se, nôj sortô, i nój fomo pro centro. Na decida do morro, ali perto da FIÉXC, nój ixcutemo um baita baruio nôj banco te tráj. O Crébe dô uma oiadinha, si ixpantô-se e falô:

Crébe: Ô vô ti dizê uma côsa pra ti máj tu nô váj acreditá, Ixtepô!
Ixtepô: Nô vájs me dizê pra mim que tem máj vidru quebrado.
Crébe: Nô sêje tanso! Tem é umaj déj tainha pulanu ai atráj. Vai vê qui elaj entraro peloj vidru, enquanto nój paremo no poxto policiali.
Ixtepô. Ô tenho vixto côsa, ôh! Máj vô ti jurá di pé junto pra ti. Aj tainha tavo tudo ali, pulanu noj banco de tráj. Lhá na oficina, o Crébe contô tudo pro mecânico ele si riu-se todo, máj nô acredito. O qui valeu foi côs dôj ficaro amigo e o Crébe trocô o arrumação doj vidro pela tarrafa.


Traduzindo.....

Como acontece quase todos os dias, o Kléber apareceu lá em casa, faminto, para tomar o café da manhã. Ele gosta de se alimentar bem. Mas eu reparei que ele estava um tanto irrequieto, diferente do normal, então perguntei:

Ixtepô: O que está acontecendo KLéber? Tudo isto é fome rapaz?
Kléber: Não Ixtepô! O problema é que eu fiz uma grande porcaria.
Ixtepô: Me conta. O que houve!
Kléber. Eu vim aqui pra te mostra uma
tarrafa que eu acabei de fazer. Bom eu estava ali, na garagem onde tu deixas a Kombi, testando a trarrafa, só para ver como eu iria me exibir para ti. Eu fui brincar um pouco e dei com as chumbadas da tarrafa nos vidros lateriais da Kombi e quebrei tudo.
Ixtepô: Até parece, que você fez isto!
Kléber. Vá lá e veja com seus olhos o que eu fiz. Tu não mereces um amigo como eu.
Ixtepô: Fica calmo. Nós damos um jeito.
Kléber. Vamos fazer assim: Nós levamos a
Kombi para colocar vidros novos e eu vejo como dá para negociar o pagamento.
Ixtepô: Tá bom! Vamos para o centro agora.

Lá fomos nós dois trocar os vidros da Kombi, no centro de Florianópolis. Quando estávamos passando no posto policial da avenida das rendeiras, um Policial nos barrou, para verificar o que tinha acontecido com a lateral do carro. Enquanto ele falava comigo, o Kléber no banco de carona me cutucava sem parar. Eu não agüentei e disse.

Ixtepô: Não incomoda! Não seja chato.
Kléber: Ixtepô, olha para a lagoa e veja o que eu estou vendo.

Não dava para acreditar, um cardume gigantesco de tainhas havia invadido a Lagoa da Conceição. Era uma quantidade enormo de peixes que saltavam e se exibiam chegando bem próximo a margem. Dava até para contar as suas escamas de tão perto que eles pulavam. Ficamos maravilhados, assim como o policial que se distraiu, nos liberou e lá seguimos nós para o centro. Na descida do morro, ali perto da Fiesc, ouvimos uma baita barulheira no banco traseiro. O Kléber olhou para trás e falou:

Kléber: Tu não vais acreditar o que aconteceu.
Ixtepô: Não vai dizer que tem mais vidros quebrados.
Kléber: Que nada! Tem umas dez tainhas pulando ai atrás. Eu acho que elas entraram pelos vidros enquanto nós paramos no posto policial.

Eu olhei e posso te jurar que elas estavam ali mesmo, pulando nos bancos traseiros. Quando chegamos na oficina o Kleber contou toda a história para o mecânico, que riu mas não acreditou. O que valeu a pena foi que eles fizeram amizade e o Kleber pagou o conserto do carro com a tarrafa.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

12. A viagem para Santo Amaro


Mô quiridu!
Ô tenho uma baita duma dificurdade. Toda vej qui Ô i a Joaquina vamu aviajá, ela qué infiá a casa interinha dentro do carro. Ô nô sei o quê qui a desgranida vai fazê, ca metadi daj côsa qui ela carrega, i ela tomém nô sabi, ôh! Máj, vô ti dizê uma côsa pra ti, Ô só adescobri qui ela é ansim, despôj qui nój compremo a nossa kombi i fomo visitá a prima dela lhá em Santo Amaro da Imperatrij. O nosso sábado começô ansim:
Joaquina: Alivanta Ixtepô, nój temo que aperpará aj côsa prá viage sô mandrião.
Ixtepô: Qui viage, ma quidira? Nój só temo indo passá o finali da semana em Santo Amaro. Domingo temo de vorta.
Joaquina: Ãh-ãh-ãh! De certo tu nô sabej qui sempre temo que levá umaj côsinha. Inda máj qui agora nój temo criança.
Ixtepô: Joaquina, minha fila, o Neto já é um rapaj. Nô percisa máj de cuidado.
Joaquina: Nô digo mejmo! Dexa di moda omi, Ô já aperparei tudinho onti, antij de vi si deitá. É só tu i o rapaj infia aj côsa no carro. Tá tudo na sala, não tem.
Ixtepô: Joaquina, tu táj tola, táj? Pra que tudo issu? Trêj mala di rôpa, cobertori, trabissero,raide-reloge, a bicicreta do Neto, seij tapuéri de pêxe frito, vidro de chimia, cuca, a armofada di renda di bilro. Isso nô vai cabê na Kombi.
Joaquina: Tu quéj qui Ô dêxe tudo, é isso qui tu quéj? Quéj quéj, nô quéj dij!
Ixtepô: Tá bom, ta bom, ma quirida! Neeeeeto, mô filo! Vem cá rapaj, ajuda o vô a carregá a Kombi.

Ô i o Neto intuiemo a Kombi , qui chegô a ficá inxtufadda. Entremo no carro e fumo para Santo Amaro da Imperatrij. Nój cheguemo no sítiu i a prima da Joaquina tava no portão inxperanu cáj cirança.
A Joaquina viu e disse:
Joaquina: Neto desce i vai lhá para brincá côj teuj priminho.
Ô enterferi:
Ixtepô: Neto, qui neto? O Neto nô veiu, ôh!
Joaquina: Sêje bobo, como ansim nô veiu?
Ixtepô: Joaquina, má quirida, ele não cabeu na Kombi.

Traduzindo.....

Meu Caro!
Eu tenho um pequeno problema. Mas toda vez eu e minha
esposa vamos viajar ela quer colocar a casa inteira dentro do carro. Eu
não tenho a mínima idéia do que ela vai fazer com a metade daquilo tudo e, para
dizer a verdade, ela também não. Mas eu só fiquei conhecendo esta
características da Joaquina depois que nós compramos a nossa Kombi e fomos
fazer uma viagem para visitar a prima dela lá em Santo Amaro da Imperatiz.
Nosso sábado começou assim:
Joaquina: Acorda Ixtepo, nós temos que preparar
as coisas para a viagem;
Ixtepô: Que viagem Joaquina, nós só estamos
indo passar o final de semana em Santo Amaro. Domingo nós voltamos.
Joaquina: É mas tu sabes que a gente sempre tem que levar umas coisinhas. Ainda mais que agora nós estamos com criança em casa.
Ixtepô: O Neto já é um rapaz, não precisa de muito cuidado.
Joaquina: Vamos lá, não enrola, eu já deixei tudo preparado ontem, antes de vir para a cama. Basta que tu e o rapaz embarcarem o material. Já ta tudo na sala.
Ixtepô: Joaquina, tu estás maluca? Pra que tudo isto? Três malas de roupa,cobertor, travesseiro, radio- relógio, a bicicleta do Neto, seis Tape ware de peixe frito, vidros de geléia, bolos, a almofada de renda de bilro. Isto tudo não cabe na Kombi.
Joaquina: Tu queres que eu deixe tudo é isto? Então eu deixo!
Ixtepô:: Tá bom, ta bom! Neto, vem cá rapaz, ajuda o vô a carregar a Kombi.

Eu e o Neto colocamos tudo dentro da Kombi , de forma que ela chegou a ficar estufada. Entramos no carro e fomos para Santo Amaro. Na chegada ao sítio, a prima da Joaquina nos esperava feliz com as crianças no portão.
Foi quando a Joaquina disse:
Joaquina: Neto desce para brincar com os teus primos.
Eu interferi:
Ixtepô: Neto, que neto? O Neto não veio.
Joaquina: Como assim não veio?
Ixtepô: Ora, ele não coube na Kombi.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

11. Canto Florianópolis

Mô Quiridu!
Vô ti dizê uma côsa pra ti, ôh:
Curió qué dizê “ Amigo duj Ômi” em Tupi-Guarani . Até rimô, não tem!
O mô amigo o Fabojuno arromba, cantanu o canto Florianópij todinho.
Dá até di imaginá se ele nô ta querenu dizê:
“Um pedacinho de terra, perdido no mar!...
Num pedacinho de terra, beleza sem par....”
Côsa Linda!


Traduzindo.....
Meu Querido!
Vou te falar uma coisa:
Curió significa “ Amigo dos homens” em Tupi-Guarani.
O meu amigo Fabojuno é fenomenal, cantando o canto Florianópolis.
Imagino que ele esteja querendo dizer:
“Um pedacinho de terra, perdido no mar!...
Num pedacinho de terra,beleza sem par....”
Coisa Linda!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

9. O dia que comprei a Kombi


Mô queridu ô sempre tive uma ânsia di tê um carro. Nô percisava nem sê novo, Ô só quiria um otomóve grandão. Co ijpacio, não tem? Ô falei co a Joaquina i nój combinemo di compra uma Kombi. Durante argum tempo, nój economizemo e trabaiemo para ajuntar um poco. Ela com os bilro di renda i Ô cô enchó, fazendo uma canoa dum pau só. Despôj de argunj mêj, nój ja tinha um denherinho. Então nój decêmo pro centro, inxperando comprá o carro.
Nój fumo numaj trêj o quatro loja de carro véio, máj tivemo que baxá a bola, porque nój nô tinha denhero que chegue prá comprá uma Kombi. Entendesse? Peguemu um ômbuj pra vortá pra casa i, quando passemo na frente duma borracharia, lhá, deu di vê a nossa Kombi. Bem do ladinho da kombi tinha uma baita pilha de pineu véio. E no capô uma praca de vende-se. Côsa linda!
Ô no pensei duaj vêj, agarrei a cordinha da campainha com uma mão, puxei a Joaquina ca otra e nój sartemo correndo, mô quiridu. Deu di vê que a Kombi já tava meia inxculhambada,na verdade, ela já tava uma naba. A carroceria era vermeia de feruj e tinha umas bola de durepóquis, os para-chóqui tava amarrado com fio de luj, e os pineu tava no arame. Máj o pióri é que aj porta tava amarrada, uma na outra, por uma tira de borracha de camara di pineu. Tava uma côsa!
Nój falemo um poco co dono da Kombi, Ô disse o qui tava pensanu do carro e qui Ô queria comprá. O rapaj, falô que conhecia os pobrema do veíclu máj qui Ô percisava di entendê qui a Kombi tinha o menuj uma avantage: “ Ela era toda pintada a mão, i os trabalho manual são muito valioso adjaôj”.
Eita! Ô inguli aquilo seco , respirei e fij a oferta. O tânso nem pijcô.
Ô i a Joaquina entremo no carro, ô virei a chave i pau nôj córno. Nój comecemo a andá e deu di oví um baita estoro. Oiemo prá tráj i oj pineu do borrachero tavo qui era uma foguera de São João. É qui toda vej qui ô fazia a mudança, a Kombi guspia uma labareda di fogo dunj dôj metro, cosa máj linda.
Bom, nój subimo o morro da lagoa bem degavarzinho, porque em cada curva que nój fazia, a borracha que assegurava aj porta se esticava e uma daj porta se abria.
Nój cheguemos em casa rindo e planejanu a reforma de nossa Kombi.

Traduzindo.....

Eu sempre tive o desejo de comprar um carro. Não
precisava ser novo, eu queria um automóvel espaçoso. Conversei com a
Joaquina e decidimos comprar uma Kombi. Durante algum tempo eu e ela nos
dispusemos a economizar um pouco e a trabalhar para isto. Ela fazendo
rendas e eu construindo uma canoa. Passados alguns meses, tínhamos
poupado uma boa quantia. Então nós fomos para o centro na expectativa de
comprar o nosso automóvel.
Depois de visitarmos três ou quatro lojas de
carros usados, vimos que o dinheiro que juntamos ainda era pouco para o que
queríamos. Pegamos um ônibus para casa e quando passávamos em frente a uma
borracharia, ali estava ela, a nossa Kombi . Nós a vimos e nos
apaixonamos. Ao seu lado uma grande pilha de velhos pneus
usado. Sobre o capô, a placa de vende-se.
Não tive dúvida, puxei a
cordinha da campainha com uma mão e a Joaquina com a outra e nós descemos
correndo. Nós percebemos que o carro não estava nas melhores condições, na
verdade estava bem ruinzinho. Na lataria o que não era vermelho de
ferrugem, era cinza de durepox, os pára-choques estavam amarrados
com fio elétrico e os penus estavam carecas. Mas o pior é que,
para manter as portas fechadas, o rapaz tinha amarrado uma tira de
borracha entre elas.
Conversamos um pouco com o proprietário, eu falei
o que pensava do carro mas que queria comprá-lo. Ele falou que reconhecia os
problemas , mas não podia de deixar de enfatizar a principal vantagem do
veículo: “Aquela Kombi era totalmente pintada a mão e os trabalhos
manuais são muito valorizados hoje em dia”.
Eu engoli a seco, respirei fundo
e fiz uma proposta para ele. O rapaz aceitou na hora.
Nós entramos, eu
virei a chave e a Kombi funcionou. Mal começamos a andar e
ouvimos um grande estouro. Olhamos para trás e a pilha de pneus do
borracheiro ardia em chamas, tal qual fogueira de São João. É que
cada vez que eu trocava de marcha a Kombi cuspia uma labareda de fogo, de uns
dois metros, pelo cano de descarga.
Bom, nós subimos o morro da lagoa com
todo o cuidado, pois em cada curva que fazíamos, a borracha que segurava
as portas se esticava e uma delas se abria.
Chegamos em casa rindo e
planejando a reforma de nossa Kombi.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

8. Joaquina a FAN número um

Ô nô assoporto falá de idade, máj vô te contá prá ti, uma côsa qui aconteçô já fáj muitcho tempo. Foi lhá por 1978, no centro de Florianópij. Ô tava passanu na frente duma loja Kerich i deu di Ô vê ele, bem dereitinho, lá na vitrina. Era um rapaj côsa máj linda du mundo, cantanu uma músca emoçonante no jornali da televisã.
A Clokirida, minha milhori amiga, tava cumigo e se impressionô-se muitcho cô rapaj, tomém, ôh.
Nój fiquemo alí atolejmada, aj duaj, sem sabê o que fazê, só oianu. Entendesse? No qui ele parô a cantoria, Ô apreguntei quem era. Uma rapariga qui tava inspianu, falô qui era o Éio, personage da séria Ciranda Cirandinha. A degranida disse qui di noite ia passá o úrtmo capito.
A Clokirida i Ô si oiemo i entremo na loja. Conversemo ,qui é uma coisa, cáj rapariga da loja i fiquemo sabeno muitcha côsa do rapaj.
Depoj, lhá em casa, Ô contei tudo pro Ixtepô.
O omi ficô qui é um cavalo vestido.
Pensa qui ele teve ciúmo? Só proj teu córno meso, qui ele teve ciúmo.
Comé qui póde né ôh! Ele nô gojtô foi dô tê compradu uma televisã.
O bom dissu tudo foi qui, o invéj di passá o úrtmo capitlo, eles areprissaro o penúrtmo. I lhá tava ele o Fabojuno, mô cantori númuro um, cantanu a músca do Pai Herói.
A Clokirida i Ô oiemo tudinho. Côsa máj linda!

Traduzindo......

Eu não gosto de falar da idade, mas o que eu vou contar já aconteceu há muito tempo. Foi em 1978, no centro de Florianópolis, quando eu passei na frente de uma loja Koerich e lá estava ele na vitrine. Um rapaz muito bonito cantando uma música emocionante no telejornal.
A minha melhor amiga, a Clokirida estava comigo e também se impressionou com o jovem artista.
Nós ficamos ali estáticas, as duas sem saber o que falar, somente assistindo.
Quando ele parou de cantar, eu perguntei para saber quem era o rapaz. Outra moça que estava por ali, disse que era o Hélio, personagem da série Ciranda Cirandinha . Ela falou, também , que naquela noite iria passar o último episódio.
Eu e a Clokirida só nos olhamos e entramos na loja. Conversa vai e conversa vem, com as vendedoras, e ficamos sabendo muito sobre ele.
Mais tarde, ao chegar em casa, contei tudo para o Ixtepô.
Ele ficou possesso!
Pensa que ele teve ciúmes? Só mesmo tu para pensar que ele sentiu ciúmes.
Ele não gostou foi da televisão que eu comprei.
O que importa é que a noite, ao invés do último episódio, foi reprisado o anterior. E lá estava ele o meu cantor número um, o Fábio Junior cantando a música do Pai Herói.
A Clokirida e eu assistimos tudinho. Não é Clô?

terça-feira, 16 de junho de 2009

7. O Neto veio para ficar

Tava um baita frio máj Ô fui lhá buxcá o Neto na redoviária. Era uma segunda-fera bem cedinho. Ô infiei o degranido na Kombi i lhá fumo nój dôj prá Barra da Lagoa. Ele nô deu um piu até em casa. Quando nój cheguemo, a vó dele nôj viu, ficô meia cismada e falô:

Joaquina: Óióió...
Que tu táj fazeno aqui rapaj?
Neto: Tamo aí né vó!
Joaquina: Antij que má li prigunte.
Porque essa cara de cachorro mijano na chuva?
Neto: Báh vó, rolou um baita estresse lá em Porto e o pai me botô pra fora de casa.
Joaquina: Para com issu rapaj, nô mente qui é pecado.
Teu pai sempre foi um coraçãozinho di pomba.
Neto: É mas agora o carinha tá irreconhecível, tchê, e tri indignado comigo.
Ainda bem que eu vim morar com vocês aqui em Floripa.
Joaquina: Táj tolo sô tanso?
Baxa a crixta que tu váj é vorta pra casa agora.
Ixtepô, infia o rapaj na Kombi e leva ele pra redoviária, não tem.
Neto: Bah, vó, eu não volto mas nem ferrando .
A história lá em Porto tá hiper, mega tri pesada.
Tipo assim: O carinha não qué me vê nem pintado de ouro.
Joaquina: Credo! Máj o que tu fizesse pra ele, so tanso?
Neto: Assim oh!
No findi do meu niver eu entrei numas de auto-conhecimento, né.
Eu vi que tinha umas coisa tri estranha acontecendo comigo e cheguei a conclusão que as minhas preferências eram tri diferente das do pai.
Bah carinha, eu pirei! Mas eu percebi que se eu não me aceitasse, eu tava mentindo pra mim mesmo. É tipo...... incoerência, entendeu?
Vó, aquilo tava me corroendo por dentro.
Ai eu aloprei, resolvi assumi o troço e fui fala pro pai.
Cheguei na cara dele. E disse assim:
Joaquina: Pode pará qui Ô nô quero inxcutá máj nada, sô pevertido.
Neto: Para vó. Eu falei prá ele que eu não ia mais comer carne vermelha.
O pai perguntou se isto incluía churrasco. E eu disse que principalmente.
Ele se atucanô e me correu de casa.
Joaquina: Entonce se acarma, nego.
A vózinha vai lhá na cuzinha fazê um pexinho frito pra ti comê com pirão di nailo.
Pexe pode, nô pode?


Traduzindo.....

Fazia muito frio, mas eu fui buscar o Neto na rodoviária.
Era uma segunda-feira bem cedo. Botei o infeliz na Kombi e lá fomos nós
para a Barra da Lagoa. Ele não falou nada até em casa. Quando chegamos a
vó dele nos viu, ficou desconfiada e não se conteve:

Joaquina: Olha só! Neto o que tu estás fazendo aqui rapaz?
Neto: Estamos ai!
Joaquina: Sem querer ofender. Mas, porque tu estás todo envergonhado?
Neto: Báh, eu e o pai discutimos e ele me mandou sair de casa.
Joaquina:: Para com isso Neto, não mente que é pecado.
Teu pai sempre foi muito bom pra ti.
Neto: É, mas agora o pai está irreconhecível e super indignado comigo.
Ainda bem que eu vim morar com vocês aqui em Floripa.
Joaquina: Tu estás é maluco!
Te acalma que tu vais é voltar para casa agora.
Ixtepô, põe o rapaz na Kombi e leva ele para a rodoviária.
Neto: Vó, eu não volto de jeito nenhum.
A história lá em Porto está muito complicada.
Tipo assim: O pai não quer me ver nem pintado de ouro
Joaquina: Que isso! O que tu fizestes para ele?
Neto: Bem!
No final de semana do meu aniversário eu comecei a refletir sobre a minha vida.
Eu entendi que havia algo acontecendo e que eu era muito diferente do pai.
Sabe, eu quase enlouqueci, mas não podia me aceitar diferente do que eu sou, ou estaria mentindo para mim mesmo.
Isto é incoerência. Eu estava me consumindo.
Então eu decidi assumir tudo e fui contar para o pai.
Falei direto para ele, bem assim:
Joaquina: Pode parar que eu não quero escutar mais nada, seu pervertido.
Neto: Para com isto vó. Eu falei para ele que eu não iria mais comer carne vermelha.
O pai perguntou se isto incluía churrasco. E eu disse que principalmente churrasco.
Ele não aceitou e me expulsou de casa.
Joaquina: Então se acalme.
A vovó vai lá cozinha fritar um peixe prá você comer com pirão.
Peixe pode, não pode?

segunda-feira, 15 de junho de 2009

6. Meu curió, o Fabojuno

Era dia di torneio di canto. Ô si alevantei bem cedinho, di comida prôj bichinho, peguei a Kombi e lhá si fui Ô, pro Curiódemo. Na chegada vi o Deca, o Veco, o Maneca, o Dico, o Girço i Badejo, cada um acarreganu o sô curió.
Bom, o Badejo i Ô fomo lhá dá uma inxpiada na competiçã de fibra, quando oj curiózinho tem vinte minute, prá cantá o maior númuro de vej. O curió qui baxá a crista e corrê tá fora, i quem ficá até o finali, cantanu até dize qui chegue, é campeão. Era um baita torneio aquele,ôh! Umaj duzenta gaiolha, uma do ladinho da outra. Côsa linda!
Na nossa frente dava di vê um homi , qui falava a dá com um pau, i contava vantaje do curió dele. Ô i o Badejo ali, só inxpererano di vê o curió arrombá. Entendesse?
Deu cinco minute e o bicho nem piô. Deu dej i ele ali paradinho. Nos quinze dava di vê que ele mexia a cabecinha , máj cantar que é bom, nadinha. Nos vinte nój pensemo: Vai vê que o curiózinho é mudo, ôh.
Credo! O dono do bichinho não sabia o que fazê, afinali o presepero tinha falhado pelos cutuvelo, e o curió não abriu o bico, ôh.
Ele oiô pra mim i viu qui eu tava com pena do passarinho. Então ele priguntô si Ô quiria o curió pra mim. Ô aceitei, mas não sabia o qui Ô ia fazê co aquele passarinho que não canta.
O torneio acabô i o curió Ronaldinho arrombô dinovo. Ô peguei meu curió i vortei para a Barra da Lagoa.
Minha mulhé me viu cheganu, em casa, cô uma gaiolha e brigô cumigo. Mesmo sabeno qui Ô tinha arrumado pra minha cabeça, apendurei o passarinho na parede.
Joaquina fej a janta, nój comemos, conversemo sobre o torneio e fomo drumi.
De madrugada, no meio duma baita cantoria de curió, minha mulhé me acutuco e falô inritada:
- Corre lá na cozinha e calha a boca do mudinho qui ele tá cantanu máj qui o Fabojuno.
No torneio o curió nem piô, máj decorô tudinho o FABOJUNO!

Traduzindo.....

Era dia de troneio de canto. Acordei cedo, dei comida para a criação,
peguei a Kombi e me dirigi ao Curiódromo. Já, na chegada, avistei o Deca,
o Veco, o Maneca, o Dico, o Girço e o Badejo, cada qual carregando o seu
curió.
Bom, eu e o Badejo fomos dar uma olhada na competição de
fibra, na qual os curiós têm vinte minutos para cantar o maior número de vezes
possível. O curió que se intimidar está fora, o que ficar até o final, e cantar
até se fartar, é o campeão. Aquele era um torneio gigantesco. Umas
duzentas gaiolas, lado a lado. Muito bonito!
A nossa frente podíamos
ver um senhor, ele falava muito e contava vantagens sobre o seu curió.
Entendeu?
Passaram-se cinco minutos e o bicho não piou. Aos dez ele
parado. Nos quinze dava para obsesvar que ele mexia a cabeça, mas cantar que é
bom, nada. Nos vinte, concluímos: Vai ver que o curió é mudo.
Nossa! O dono do
curió não sabia o que fazer, afinal o exagerado falou pelos cotovelos e o curió
não fez nada.
Ele me olhou e viu meu pesar pelo passarinho. Então me
perguntou seu eu queria o curió para mim. Aceitei sem saber o que fazer com um
curió que não canta.
Acabou o torneio e o curió Ronaldinho foi campeão
novamente. Eu peguei meu curió e voltei para a Barra da Lagoa.
Minha mulher
me viu chegando em casa com uma gaiola e brigou comigo. Mesmo sabendo que
tinha arranjado problema, pendurei o passarinho na parede.
Joaquina fez a
janta, comemos, conversamos sobre o torneio e fomos dormir.
Na madrugada,
meio ao canto de curió, minha mulher me cutucou e falou irritada:
- Vá
na cozinha e cala a boca do mudinho porque ele está cantando mais do que o Fábio
Júnior.
No torneio o curió não piou, mas decorou tudinho o Fábio
Júnior.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

4. A viagem do Neto


Tocô o telefono e Ô arreparei no raide-reloge . Era trej e trinta da manhã duma seguna-fera di lestada, ôh. Lhá fui Ô, atende o telefono na sala, inda máj que notiça ruim chega ligerinho. Pisei na cola do cachorro e caí um baita dum tombo no chão. A mesa sartô pro lado e, nisso, o telefono caiu perto di mim. Ô atendi i arreconheci a voj, era o Neto, o mô neto gaúche. Ele tamém sabia qui era Ô, do otro lado. Bom, nossa cunverça foi máj o meno ansim, ôh:

Neto: Alô, vô, és tu carinha?
Ixtepô: Adescurpa máj é inganu rapaj.
Neto: Bah vô, não tira onda carinha, eu sei que és tu.
Ixtepô: Disimbucha, Ô tava durmino sô naba.
Neto: O negócio é o seguinte, eu to indo ficar uns tempos contigo e com a vó ai em Floripa.
Ixtepô: Táj vindo praj féria, é isso?
Neto: Não! Na real, eu tive baita briga com o pai e tá tri difícil manter uma história com ele aqui. Sabe, Porto tá, tipo assim, pequena pra nos dois. Eu to é pensando em morar com vocês, carinha.
Ixtepô: Neto, não seje tanso nêgo. Vorta pra cama, vai drumi, vai.
Neto: Não vai dá.
Ixtepô: Não dá porque, ôh?
Neto: É que não to em casa agora.
Ixtepô: Credo! Onde tu táj?
Neto: Em Sombrio, ora.
Ixtepo: Ãh,ãh,ãh! No inventa moda rapaj! Que tu táj fazenu em Sombriu, ôh?
Neto: Eu to, tipo assim, comendo um pastel aqui no restaurante Japonês. O ônibus deu uma paradinha pra gente bate um lanche.
Ixtepô: Ômbuj, qui ômbuj?
Neto: O da viação Santo Anjo, cara. Vô, eu to chegando ai às 6:00h da madruga. Me espera na rodô, carinha!
Ixtepô: Oióió, táj tolo, táj? Neto, Neto, Neto.......
Neto: tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu
Ixtepô: Ah um relho né ôh!

Traduzindo.....

Tocou o telefone e eu olhei o rádio-relógio . Eram três e trinta da madrugada de uma segunda-feira chuvosa. Lá fui eu correndo até a sala para atender ao telefone, afinal notícia ruim chega nos momentos mais inesperados. Assustado, pisei no rabo do cachorro e o circo estava armado. Levei um tombo e a mesa voou. Por sorte, o telefone caiu ao meu lado. Atendi e de pronto reconheci a voz do outro lado. Era Neto, o meu neto gaúcho. É claro que ele também me reconheceu e nossa conversa se desenrolou mais ou menos assim:

Neto: Alô, vô, és tu?
Ixtepô: Desculpa, ligastes para a casa errada moço.
Neto: Deixa de brincadeira vô, eu sei que és tu. Tenho uma baita notícia pra te dar.
Ixtepô: Fale de uma vez neto eu tava dormindo, seu inconveniente.
Neto: Bom, eu estou pensando em ficar uns tempos contigo e com a vó ai em Florianópolis.
Ixtepô: Tu queres dizer que vem passar as férias conosco, é isto?
Neto: Na verdade, eu tive uma discussão com o pai e está difícil conviver com ele aqui. Sabe, Porto ficou, tipo assim, pequena pra nos dois. Eu to é pensando em morar com vocês.
Ixtepô: Neto, deixa de bobagem menino. Volta pra cama vai.
Neto: Não vai dar.
Ixtepô: Não dá porque?
Neto: É que não estou em casa agora.
Ixtepô: Que coisa! Tu estás aonde, rapaz?
Neto: Em Sombrio, ora.
Ixtepô: E o que estas fazendo ai em sombrio?
Neto: Eu to, tipo assim, comendo um pastel aqui no restaurante Japonês. O ônibus parou aqui pra gente fazer um lanche.
Ixtepô: Ônibus, que ônibus?
Neto: O da viação Santo Anjo, eu to chegando ai às 6:00h. Me espera na rodoviária ta!
Ixtepô: Tu estás é maluco? Neto, neto, neto.......
Neto: tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu
Ixtepô: Ah, uma surra.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

3. O Jantar de Casamento

Ô e a Joaquina ia fazê quarenta e doj ano di casado, então Ô convidei ela pra janta fora. Entendesse?
Ela se aperfumô toda, boto o melhori vistidinho e lhá fomo noj, come o camarão na moranga do Rancho da Canoa , bem em cima do canali da Lagoa.
A noite tava desgranida de tão linda, uma baita duma luona qui inxpalhava uma luj prata no canali. Vô te dizê pra ti, ôh: Dava di vê aj tainhota sartano. Côsa linda, mô quiridu!
O restorant tava intupido di gente, maj o Fabriço areservô uma mesa inxpeciali pra noj. Tinha até vela. Ô fiquei cabrêro, maj a Joaquina fico toda tola. Quaje chorô.
Bom, noj sentemo. Do nosso lado tinha um casali di namoradinho, bem novinho oj doj.
A rapariga falava: - Ô ti amu.
O rapaji dizia: - Ô ti amu tamém, ôh!
A rapariga si adeclarava: - Ô ti amu maj!
O rapaji arretrucava: - A para oh! Ô é qui ti amu maj, ma quirida.
Ô já tava de saco cheio, quando a Joaquina se emporgo-se e largo um:
- Ixtepô tu só dissesse que me amava no nosso premero encontro, mô quiridu.
Ai Ô sortei um:
- Quéj quô te diga a verdade pra ti, ôh? Ô já te disse qui ti amu uma vej, si ô muda di idéia Ô te aviso, ma quirida.
Ela se alevanto-se, não deu um pio, pego a borsa e deito o cabelo.
Ô no intendi nada.
Bom, ô inxperei o camarão na moranga fica pronto, pedi prá inliá, fui pra casa e comi até dize qui chegue.
Aquele camarão dá um banho.Entendesse?


Traduzindo.....

Eu e a Joaquina íamos completar quarenta e dois anos de
casados e eu a convidei para jantarmos fora. Ela se perfumou toda, colocou o melhor vestido e lá fomos nós,
saborear o delicioso camarão da moranga no Rancho da Canoa, sobre o canal
da Lagoa da Conceição.
A noite estava linda e a lua clareava a Lagoa
com uma mancha prateada que entrava e se espalhava pelo canal. Podíamos assistir
pequenas tainhas a saltar, espetáculo extremamente belo.
O
restaurante estava lotado, mas o Fabrício havia reservado uma mesa especial para
nos dois. Uma maravilha à luz de velas, mas confesso que fiquei um tanto
desconfiado. A Joaquina emocionou-se com tudo aquilo e quase veio aos
prantos.
Bem, nós sentamos e logo ao nosso lado, observamos um casal
bem jovem em uma típica situação de início de namoro.
Ela olhava para ele e
falava: - Eu te amo!
Ele olhava para ela e declarava: - Eu também te
amo!
Ela, novamente, olhava para ele e dizia: - Eu te amo muito
mais!
Ele, mais um vez, olhava para ela e completava: - Eu é que te amo
muito mais!
Eu já não estava agüentando mais, quando a Joaquina
empolgou-se e largou um:
- Ixtepô, meu querido, você só me disse
que me amava em nosso primeiro encontro.
Me obriguei a responder:
Joaquina, minha querida, eu já disse que te amo uma vez. Se eu mudar de idéia eu
te aviso, entendestes?
Ela levantou, não falou nada, pegou a bolsa e
foi embora.
Eu, meio que sem entender, esperei meu camarão na
moranga ficar pronto, pedi para embrulhar e o levei para casa e comi
sozinho.
Afinal aquele camarão dá um banho

.

2. Meu primeiro encontro


Ô era rapaji bem novinho quando conheci a Joaquina.
Mô pai me alevava pra pexcá toda a madrugada. Quando noj vortava prá casa, Ô via a Joaquina di baxo duma árve, cá armofadinha i côj sete pare de bilro avuando naj mão. Ô se impressionava maj com a belezura da rapariga do qui com a rapideza i aj renda dela. Se passô-se uma montuêra de mej prá Ô cria corage, até qui um dia Ô parei ali, na frente dela , inguali uma inxtauta e tudo aconteçô ansim ôh:
Joaquina: Credo! Qué qui tu táj olhando, sô tanso?
Ixtepô: é que o aaa ooooo ua.....
Joaquina: Nunca me viu sô confiado?
Ixtepô: é que o aaa ooooo ua.....
Joaquina: Táj tolo táj, rapaj?
Ixtepô: é que aaa uuuoo ua.....
Joaquina: Vê só, vê só! Disimbucha logo ou ti dô-te com o bilro noj beiço.
Ixtepô: É quô acho qui tô gostano de ti, má quirida.
Ela oiô para mim, deu uma risada côsa máj linda e ali começô-se a nossa ixtória.


Traduzindo......

Meu pai me levava para pescar, de madrugada, todos os dias. Quando nós voltávamos para casa, lá estava ela em baixo de uma árvore com a almofada em sua frente e os sete pares de bilro brincando velozmente em suas mãos. Confesso que eu me impressionava muito mais com a beleza da menina do que com a sua agilidade e suas rendas. Assim, aquela cena repetiu-se por muitos meses, até que um dia em eu tomei coragem, parei na frente dela, feito uma estátua , e o que aconteceu foi mais ou menos assim:
Joaquina: Nossa. O que está olhando, seu tolo?
Ixtepô: é que o aaa ooooo ua.....
Joaquina: Nunca me viu seu abusado?
Ixtepô: é que o aaa ooooo ua.....
Joaquina: Qual é o teu problema, rapaz?
Ixtepô: é que aaa uuuoo ua.....
Joaquina: Vamos , fala logo ou eu te bato com um destes bilros na boca, entendeste?
Ixtepô: É que eu acho que eu estou gostando de ti, minha querida.
Ela olhou para mim, deu um lindo sorriso e ali começou a nossa história.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

1. Tamu na rede ôh.....

Óióió....

Não semo pêxe maj tamu na rede.
Eu o Ixtepô, minha mulhé a Joaquina, Neto o mô neto e o Fabojuno, mô curió.
Cumé qui podi né ôh?
Aj tecnologia tão chegando em tudo que é cantinho mô quiridu.
Até aqui em Florianópij, na Barrra da Lagoa, nós já tamu grudado na enternet sem fiu ôh.
Uairilej, intendesse?
O mô neto, qui agora mora cumigo, sabe tudo de computadori. O rapaj dá um banho ôh.
Posso te ti dizê uma côsa pra ti ?
Tô me arrombando todo maj tô aprendenu uma montuera de côsa.
Até aresorvi fazê um brog pra conta aj ixtória da nossa familia e rezixtrá nossa tradição ôh.
Tem qui apreservá a curtura, intendesse?
Vô para por aqui, qui ainda tenho unj pexinho pra inxcalá.
Tenho maj o qui fazê ôh.
E tu ai lendo o meu Brog sô mandrião.
Tu tenj tempo né ôh?
Vai precurá um serviço vai !


Traduzindo:

Olha só....

Como é que pode?
Não somos peixes mas estamos na rede.
Eu o Ixtepô, Joaquina minha mulher, Neto o meu neto e o Fabojuno, meu curió.
As tecnologias estão chegando em todos os lugares meu querido.
Até aqui em Florianópolis, na Barra da Lagoa, nós já estamos plugados na internet sem fio. Wireless, entendeste?
O meu neto, que agora mora comigo, sabe tudo de computador. O rapaz é fantástico.
Posso te contar algo? Não estou me dando muito bem, mas tenho aprendido muito.
Até resolví escrever um blog para contar as estórias da família e registrar nossas tradições. Temos que preservar a cultura, entendeste?
Bem, vou parar aqui pois tenho uns peixes para preparar. Tenho mais o que fazer.
E tu ai lendo meu blog, seu malandro.
Tens tempo hein ?
Vá fazer algo útil!