sexta-feira, 12 de junho de 2009

4. A viagem do Neto


Tocô o telefono e Ô arreparei no raide-reloge . Era trej e trinta da manhã duma seguna-fera di lestada, ôh. Lhá fui Ô, atende o telefono na sala, inda máj que notiça ruim chega ligerinho. Pisei na cola do cachorro e caí um baita dum tombo no chão. A mesa sartô pro lado e, nisso, o telefono caiu perto di mim. Ô atendi i arreconheci a voj, era o Neto, o mô neto gaúche. Ele tamém sabia qui era Ô, do otro lado. Bom, nossa cunverça foi máj o meno ansim, ôh:

Neto: Alô, vô, és tu carinha?
Ixtepô: Adescurpa máj é inganu rapaj.
Neto: Bah vô, não tira onda carinha, eu sei que és tu.
Ixtepô: Disimbucha, Ô tava durmino sô naba.
Neto: O negócio é o seguinte, eu to indo ficar uns tempos contigo e com a vó ai em Floripa.
Ixtepô: Táj vindo praj féria, é isso?
Neto: Não! Na real, eu tive baita briga com o pai e tá tri difícil manter uma história com ele aqui. Sabe, Porto tá, tipo assim, pequena pra nos dois. Eu to é pensando em morar com vocês, carinha.
Ixtepô: Neto, não seje tanso nêgo. Vorta pra cama, vai drumi, vai.
Neto: Não vai dá.
Ixtepô: Não dá porque, ôh?
Neto: É que não to em casa agora.
Ixtepô: Credo! Onde tu táj?
Neto: Em Sombrio, ora.
Ixtepo: Ãh,ãh,ãh! No inventa moda rapaj! Que tu táj fazenu em Sombriu, ôh?
Neto: Eu to, tipo assim, comendo um pastel aqui no restaurante Japonês. O ônibus deu uma paradinha pra gente bate um lanche.
Ixtepô: Ômbuj, qui ômbuj?
Neto: O da viação Santo Anjo, cara. Vô, eu to chegando ai às 6:00h da madruga. Me espera na rodô, carinha!
Ixtepô: Oióió, táj tolo, táj? Neto, Neto, Neto.......
Neto: tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu
Ixtepô: Ah um relho né ôh!

Traduzindo.....

Tocou o telefone e eu olhei o rádio-relógio . Eram três e trinta da madrugada de uma segunda-feira chuvosa. Lá fui eu correndo até a sala para atender ao telefone, afinal notícia ruim chega nos momentos mais inesperados. Assustado, pisei no rabo do cachorro e o circo estava armado. Levei um tombo e a mesa voou. Por sorte, o telefone caiu ao meu lado. Atendi e de pronto reconheci a voz do outro lado. Era Neto, o meu neto gaúcho. É claro que ele também me reconheceu e nossa conversa se desenrolou mais ou menos assim:

Neto: Alô, vô, és tu?
Ixtepô: Desculpa, ligastes para a casa errada moço.
Neto: Deixa de brincadeira vô, eu sei que és tu. Tenho uma baita notícia pra te dar.
Ixtepô: Fale de uma vez neto eu tava dormindo, seu inconveniente.
Neto: Bom, eu estou pensando em ficar uns tempos contigo e com a vó ai em Florianópolis.
Ixtepô: Tu queres dizer que vem passar as férias conosco, é isto?
Neto: Na verdade, eu tive uma discussão com o pai e está difícil conviver com ele aqui. Sabe, Porto ficou, tipo assim, pequena pra nos dois. Eu to é pensando em morar com vocês.
Ixtepô: Neto, deixa de bobagem menino. Volta pra cama vai.
Neto: Não vai dar.
Ixtepô: Não dá porque?
Neto: É que não estou em casa agora.
Ixtepô: Que coisa! Tu estás aonde, rapaz?
Neto: Em Sombrio, ora.
Ixtepô: E o que estas fazendo ai em sombrio?
Neto: Eu to, tipo assim, comendo um pastel aqui no restaurante Japonês. O ônibus parou aqui pra gente fazer um lanche.
Ixtepô: Ônibus, que ônibus?
Neto: O da viação Santo Anjo, eu to chegando ai às 6:00h. Me espera na rodoviária ta!
Ixtepô: Tu estás é maluco? Neto, neto, neto.......
Neto: tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu
Ixtepô: Ah, uma surra.

2 comentários:

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